quarta-feira, 29 de julho de 2015

Cunha

Este ano, a nossa viagem em família foi para Cunha, uma pequena cidade entre São Paulo e Rio de Janeiro. Capital da cerâmica e capital do Fusca. Passamos três dias lá - de sábado até segunda.

Eu já tinha ido pra lá com o Leozãoo e com o Lucas e conhecido um pouco da cidade, mas tinha sido um rolê baixo orçamento. Dessa vez tinha paitrocínio.

Fomos eu, a Agnes, meus pais e a Marina. Saímos de São Paulo no sábado ao meio dia. Fomos pela Dutra e a viagem foi bem tranquila, com pouco trânsito e uma parada no Frango Assado, onde comemos um almoço por quilo bem supimpa.

Chegando no hotel, fomos conhecer nossos chalés. Uma cama queen size, sofá, televisão, frigobar, banheiro e uma maravilhosa lareira! Meus pais e a Marina ficaram no rosa, que tinha uma varanda e uma vaga para o carro. Eu e a Agnes ficamos no lilás, um pouco mais acima.



Enquanto os três tiravam uma soneca, eu e a Agnes fomos explorar o local. Encontramos três vacas filhotes, que de longe pareciam três touros furiosos nos olhando com ódio tipo "Sai da minha propriedade!!", mas aí percebemos que era só um olhar de curiosidade e elas logo ficaram nossas amigas comendo capim na nossa mão.

Depois que os preguiçosos acordaram, fomos passear um pouco pela cidade. Vimos um pouquinho de música ao vivo na praça ao lado da Igreja Matriz, onde rola um festival de inverno durante todo o mês de julho. Nessa praça, comemos pastel, compramos hidromel e vinho e ficamos vendo o mapa da cidade, decidindo o que fazer no dia seguinte. Jantamos em um restaurante francês cheio de frufru, com a comida não muito boa e em pouca quantidade. Ninguém ficou muito satisfeito.

No dia seguinte, fomos ver a rua dos ateliês da cidade. Depois pegamos o carro e fomos até a Cachoeira do Pimenta, onde tinha um encanamento de metal abandonado de mais ou menos 1 metro de diâmetro e um antigo rotor de hidrelétrica. Lá eu tirei a roupa e entrei só de cueca na água. Tava mó bão. Depois me vesti, e eu e a Agnes fomos passear e tirar umas fotos.



A ideia era sair de lá e irmos à cervejaria Wolkenburg e ao Lavandário (um lugar onde se planta lavanda), pois eram todos próximos de acordo com o mapa. Mas a estrada era uma merda, sem pavimentação, só lama. No meio do caminho o carro atolou numa subida e não saía mais do lugar. Então eu saí do carro pra ajudar e vi que mesmo com o freio apertado e as quatro rodas travadas, o carro estava escorregando pra trás, na direção do abismo. Nessa hora me bateu um desespero e eu falei "Agnes, Marina e Mamãe, desçam do carro."

Então peguei umas pedras e coloquei atrás dos pneus pro carro não descer mais. Aí fui do lado da roda e fui indicando pro meu pai pra que lado virar o volante enquanto eu empurrava o carro. Quando finalmente conseguimos tirar o carro da lama, decidimos dar meia volta e pegar outro caminho, que voltava toda a estrada até o centro de Cunha, atravessava a cidade inteira e subia pelo outro lado (totalizando uns 10 kms huahuhaha).


Então fomos para a cervejaria, onde conhecemos o dono, que nos explicou como são feitos os quatro sabores de cerveja que eles fazem e nos deu um golinho pra degustar. Lá meu pai comprou um kit com três garrafas e eu comprei uma camiseta pra Agnes e uma caneca pra nós.


Depois fomos ao Lavandário para apreciar o pôr-do-sol. A Marina e minha mãe pegaram um sorvete sabor lavanda que era horrível, parecia um sorvete de chocolate com Gleid ou Bom Ar. Ficamos lá cerca de uma hora e depois voltamos pra cidade para jantar.




Jantamos em uma pizzaria, que era gostosa, mas não tinha forno a lenha. E eu descobri que isso faz diferença no resultado da pizza.

Na segunda-feira, fomos a uma das lojinhas de cerâmica, onde compramos uns pratos de parede e minha mãe deu dois de presente pra mim e pra Agnes, para pendurarmos na cozinha. Então tomamos um sorvete, na mesma sorveteria que eu fui com o Leozãoo e o Lucas e depois pegamos a estrada.

Paramos para almoçar num Frango Assado, onde eu e a Agnes dividimos uma picanha que estava muito daora.

Voltamos pra casa a tempo de escapar do rodízio e assistir um filminho.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Tabela de Criação de Personagens do Adrianão

Nos últimos dias, o Adrianão postou no grupo do RPG uma tabela para criar personagens aleatoriamente, jogando dados (de 10 faces, de 20 faces, de 100 faces...) para decidir classe, profissão, habilidades, talentos, traumas, vícios etc.





Eu ajudei fazendo uma tabela anexa só de animais. Se a raça do personagem cair em centauro, por exemplo, porque ser metade homem, metade cavalo? Poderia ser metade homem, metade rinoceronte, por exemplo! Ou metade tricerátops! Ou dragão!!!

Eu fiz um personagem sorteando com a tabela e deu o seguinte:

Classe: Ladino
Raça: Shifter (uma espécia de homem-fera)
Profissão: Ferreiro
Background: Linhagem mágica, exposto a uma transformação
Traços: Oportunista, tem um inimigo mortal, tem contatos importantes.
Hábitos e Hobbies: adora contar histórias, jogar cartas/dados.
Skills: +4 em Enganar

Depois de ficar pensando por um tempo, escrevi uma história para ele.


Eu tinha 10 anos naquele dia fatídico. Éramos eu e mais quatro irmãos mais novos. E uma lembrança vaga de um irmão mais velho, que havia fugido de casa alguns anos antes.

Desde pequeno eu sempre fui criado para seguir a tradição da família trabalhando como ferreiro.

Meus pais sempre me contaram histórias de que uma maldição corria na nossa família. Todos condenados a viver sob a sombra de Shakasta, a deusa da noite e da morte.

Ao completar 10 anos de idade, eu entendi porque nossos animais sempre desapareciam e entendi que meu irmão não havia fugido de casa. Na noite do meu aniversário, meus pais me deixaram sozinho no quarto e pediram que eu esperasse. Acabei pegando no sono e quando acordei dei de cara com meu tio-avô, o sacerdote da família.

A sua eterna expressão séria e sombria sempre me deu medo, mas isso não era motivo para deixar de cumprimentá-lo. Mas quando fui me levantar, percebi que não estava mais na minha cama, e sim no chão, amarrado. Ao meu redor, o desenho de um símbolo mágico riscado no chão com carvão.

Por todo o quarto, velas azul escuras - indicando louvor a Shakasta - iluminavam o ambiente. Na minha frente, uma jaula com uma pantera negra olhando fixamente nos meus olhos. As cordas me mantinham completamente imóvel.

Eu não sei quanto tempo passou até que meu algoz começasse a falar.

- Ó poderosa Shakasta! Por favor, aceite este humilde sacrifício como prova de nossa devoção e como pedido de perdão pelos erros das gerações passadas!

Então ele puxou a trava da jaula.

- Que a escuridão devore esta alma inocente!!!

E abriu a porta da jaula.

Como um raio negro, o enorme vulto disparou em minha direção e tudo se apagou.

Eu acordei alguns dias depois em uma casa pequena e mal iluminada, com uma garota jogando água no meu rosto. Era Ayna.

Ela me explicou que eu cheguei boiando pelo rio e que estávamos na cidade de Ozask. E me perguntou o motivo da minha aparência. Foi quando olhei para minhas mãos e pés. Meu corpo estava transformado. Pelugem densa negra. Apenas quatro dedos com garras nas mãos e pés e uma longa cauda. Então peguei uma bandeja para olhar meu reflexo. Pêlos negros no rosto todo, nariz largo e achatado, orelhas pontudas, longos bigodes, pupilas fendidas e dentes afiados.

O ritual havia fundido os corpos meu e da pantera, me transformando em uma espécie de meio homem. Algo que, sinceramente, para um garoto de 10 anos, foi muito legal!


Ayna também era parte animal, mas com leão. Sendo os únicos meio-animais da cidade, sempre tivemos que viver nos becos junto com foras-da-lei e prostitutas, ganhando a vida com pequenos serviços que, digamos, não são muito apreciados pela família tradicional de Ozask.

Hoje, eu com 17 anos e Ayna com 20 somos respeitados por todo o submundo da cidade. E odeio todo tipo de extremismo religioso.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Criaturas Mitológicas - Parte 3

Nesse post, resolvi sair um pouco da Mitologia Grega e me aprofundar mais em outras culturas. Pra quem não viu, aqui estão a parte 1 e a parte 2.

Ajatar


No folclore finlandês, o Ajatar (também escrito Aiatar, Ajattaro ou Ajattara) é um espírito conhecido como o "Diabo da Floresta". Esse espírito diabólico feminino se manifesta na forma de uma serpente ou de um dragão. Se diz que o Ajatar é a mãe do diabo. Ela propaga as doenças e a peste para qualquer um que lhe pareça fraco. Ela é capaz de amamentar as serpentes. Ajatar está relacionada ao Aitvaras lituano e ao Äi, Äijo ou Äijattar estoniano. Ela é semelhante à Tiamat babilônica, a dragão-mãe dos deuses e deusas

A palavra "ajatar" é, talvez, derivado do verbo finlandês ajaa, "perseguir".

Kikimora


Kikimoras são espíritos domésticos femininos da mitologia eslava. São criadas a partir de crianças mortas sem batismo ou abortadas, vivendo habitualmente no porão, despensa ou atrás do fogão, de onde vigiam as tarefas domésticas. Também podem ser encontradas em pântanos ou bosques. E podem ser boas ou más.

Sua aparência pode ser descrita de três maneiras: Como uma bruxa com a cabeça tão pequena quanto um dedal e um corpo tão fino quanto palha; Como uma mulher comum com o cabelo escorrido e coberto com um pano; Como uma bruxa corcunda, pequena e usando roupas velhas e sujas.

Sua presença se dá a partir de pesadelos, principalmente à noite e no frio. As Kikimoras foram a primeira explicação tradicional no folclore russo para a paralisia do sono. E elas podem entrar nas casas voando por frestas de construções e reparos mal-acabados.

Às vezes, as Kikimoras derrubam pratos no chão, fazem cócegas nas pessoas e atrapalham na agricultura. E quando a morte de alguém se aproxima, elas se manifestam para os moradores da casa, que podem ver fios sendo costurados sozinhos ou ouvir seu choro.

Quando a casa é bem conservada, esses espíritos são amigáveis ajudando a família com tarefas domésticas, fazendo pão, cuidando das crianças e animais, lavando pratos, alimentando as galinhas e cantando ou assobiando para as crianças dormirem ou pararem de chorar durante a noite.

Para apaziguar uma Kikimora é necessário lavar todos os potes e panelas com chá de samambaia.
Parte de seu nome, "mora", faz referência a "pesadelo" em croata. Acredita-se que o nome é derivado da palavra "kikka-murt", que significa "espantalho".

Forneus


É um demônio da mitologia judaico-cristã. Seu nome vem do latim e significa "forno". De acordo com a demonologia, Forneus é o sexto, entre os 15 marqueses do inferno e possui 29 legiões de demônios sob seu comando.

É conhecido pela forma de uma gigantesca besta marinha, mas também pode assumir uma forma humana.

De acordo com a Goetia (prática de invocação de anjos e demônios da mitologia judaico-cristã), Forneus é mestre de linguagem e retórica e quem o invoca se torna amado pelos amigos e pelos inimigos.

A besta de Gévaudan: Le Loup de Chazes


*tradução do texto do primeiro cartaz: Desenho do monstro que  assola Gevaudan. Esta besta é do tamanho de um touro jovem, ela ataca de preferência mulheres e crianças, ela bebe seu sangue corta sua cabeça e a leva embora. É prometido 2700 escudos a quem matar este animal.

A besta de Gévaudan é um animal curioso para os criptozoologistas (estudiosos de animais lendários, mitológicos e/ou hipotéticos). Foram relatados ataques desta criatura na região francesa de Gévaudran durante o século XVIII, contando mais de 200 vítimas.

Nas descrições possuía a pele avermelhada e um horrível cheiro que exalava por todo seu corpo. Seu principal ataque era no pescoço da vítima, rasgando a garganta e estripando a vítima a dentadas.

Inicialmente desconfiaram que os ataques eram causados por lobos, pois Gévaudan é uma região repleta deles. Mas as marcas de mordidas não batiam com nenhum animal conhecido.

Em 21 de setembro de 1765 Antoine de Beauterne abateu um animal que identificou como a besta e o nomeou de Le Loup de Chazes. O animal possuía 64 kg, 87 cm de altura e 183 cm de comprimento, ou seja, o maior "lobo" que já haviam visto. No entanto, posteriormente, outras duas crianças morreram da mesma maneira que as vítimas anteriores, mas dessa vez a criatura responsável foi rapidamente abatida por um caçador local chamado Jean Chastel e assim os ataques cessaram de vez.

A segunda besta de 58 kg fora morta com uma bala de prata benzida por um padre e assim deu origem a esta técnica que mais adiante se popularizou na caçada de lobisomens. Diversos restos humanos foram encontradas no estômago da besta.

Alguns criptozoologistas descrevem a besta de Géveudan como um enorme lobo com cascos ao invés de patas, podendo ser uma reminiscência do mesoniquídeo (ordem de mamíferos terrestres carnívoros parentes das baleias e golfinhos, extintos há cerca de 50 milhões de anos).

Bauk


Bauk é um monstro de origem sérvia. Ele vive em buracos escuros ou casas abandonadas, sempre à espreita de vítimas para devorar. Possui olhos sensíveis e medo da luz, sendo um jeito bem fácil de mantê-lo afastado de crianças. O Bauk anda pesada e desajeitadamente, fazendo um barulho similar a "bau".

Suspeita-se que a origem de sua lenda trata-se de um urso extinto regionalmente na Sérvia.


Bal-Bal


O Bal-Bal é um monstro filipino que se alimenta de cadáveres. É comum que ele invada catacumbas, cemitérios ou até mesmo roube os corpos nos enterros, substituindo-os por uma réplica de madeira, para que não percebam o desaparecimento.

Possui o olfato incrível, percebendo cheiro de morte à distância. E possui um hálito fétido. Tem aparência de pássaro, com um canto que pode ser facilmente ouvido na noite.

A tribo filipina Tigbabau acredita que o Bal-Bal pode assumir a forma humana, com uma longa língua de réptil e enormes garras. Eles costumam pousar nas casas de famílias com perdas recentes, assim utilizam as unhas para destruir o teto e a imensa língua para lamber ou roubar o familiar morto.

Alguns dizem que o Bal-Bal possui a capacidade de hipnotizar e utiliza esse dom para hipnotizar os parentes e desfrutar do corpo durante o sepultamento sem ser interrompido. Antigamente os filipinos costumavam cantar e gritar para afastar o monstro durante os funerais e evitar que seus parentes fossem roubados.

Striga


Striga é uma bruxa ou demônio do folclore albanês que se alimenta da alma das pessoas enquanto elas dormem. Isso as torna fracas e suscetíveis a doenças. Na idade média acreditava-se que a Striga chegou a dizimar uma vila inteira deste modo. Sua aparência é descrita como um pálido espírito de longos cabelos negros e olhos avermelhados.

Em alguns mitos ela também suga o sangue das vítimas, especialmente crianças. Após drená-los ela transforma-se em um inseto e voa para longe da casa. Apenas a própria Striga é capaz de salvar suas vítimas da morte, geralmente cuspindo em suas bocas.

Alguns relatos dizem ser eficaz para se proteger desta bruxa colocar uma cruz feita de ossos de porco na porta ou então fazer um amuleto ao banhar uma moeda no sangue recogitado por ela.

Jenny Greenteeth


Jenny Greenteeth é uma figura do folclore inglês. Uma bruxa que vive nos rios e pântanos da Grã Bretanha escondida entre os musgos, à espera de vítimas para puxar para capturar e devorar dentro da água.

Tem a pele verde clara; cabelo negro escorrido; dedos longos e ossudos; unhas sujas e afiadas; e dentes afiados, podres e verdes. À primeira vista, seus cabelos parecem ser apenas um monte de ervas escuras amontoadas na água, mas depois aparecem dois olhos amarelos, como os de um sapo espreitando sua vítima.

Ela vai se aproximando lentamente. E quando chega próxima o suficiente coloca seus longos dedos ossudos para fora da água, agarram a vítima pelas pernas e a leva para dentro da água.

Há uma cantiga que diz:

“Venha para dentro d’água se banhar, querido
Venha nadar na piscina de redemoinhos
Abaixo nas profundezas com as pedras e os ossos
Você irá nadar comigo agora, seu tolo”

Seu nome varia conforme a região do país: em Lancashire é chamada de Jenny Greenteeth, em Cheshire e Shropshire de Ginny Greenteeth, Jeannie Greenteeth, Wicked Jenny, ou Peg O’Nell. Na Irlanda, há uma variação da lenda na qual a chamam de “Bean-Fionn”, que aparece como uma bela mulher vestida em um longo vestido branco, que ataca crianças e adultos imprudentes, os captura e afoga nas profundezas escuras dos lagos irlandeses.

Kitsune, a raposa de nove caudas



Kitsune é um tipo de raposa mágica, uma criatura da classe Momonoke (espíritos animais que se transformam em humanos). No Japão, sua imagem representa inteligência e sabedoria, mas muitas vezes são associadas a seres de maldição e às vezes também, sagrados.

Kitsunes são descritas como seres inteligentes e possuidoras de habilidades mágicas que aumentam com a sua idade e sabedoria. A cada 100 anos, recebem uma  cauda, ​​tornando-se mais poderosas, e quando atingem nove caudas (Kyuubi no Kitsune), tornam-se semi-deuses, atingindo a onisciência e quase a onipotência. Uma de suas principais habilidades é a capacidade para assumir a forma humana - normalmente aparecem na forma de uma mulher jovem e bonita ou uma velha.

Enquanto alguns contos falam sobre elas empregarem essa habilidade para enganar os outros, outras histórias  costumam retratá-las como guardiãs fiéis, sendo amigas, amantes e esposas.

Outras habilidades creditadas a elas são: possessão, habilidade de cuspir fogo, aparecer em sonhos, criar ilusões e até mesmo dobrar o tempo e espaço ou enlouquecer uma pessoa.


Fontes:
Contos da Taberna
Portal dos Mitos