Hoje eu consegui sair do trabalho mais cedo e estava feliz porque ia pegar a moto enquanto ainda estava claro.
Eu já estava na Ricardo Jaffet, quase pegando a Imigrantes (sim, eu pego a Imigrantes pra voltar pra casa), quando olhei pro horizonte e o céu estava preto. Era uma escuridão que se fundia com o asfalto em uma névoa que, eu perceberia depois, consistia de vapor, granizo e muita chuva. O vento que batia no meu rosto ia ficando mais frio conforme eu me aproximava.
Quando entrei na Imigrantes comecei a sentir as primeiras gotas. E um pensamento veio à minha mente. Uma frase que eu já vi pelas internets "Though I walk through the valley of the shadow of death, I shall fear no evil". Então olhei pro terço eu levo comigo na moto, olhei pra frente, cerrei os olhos e lembrei, com um sorriso no rosto, de outra frase. Uma que eu levo comigo sempre. "O importante é ter história pra contar!"
Rapaz, que chuva... O granizo batendo na minha perna, a água gelada entrando pela manga e pela gola da jaqueta e o tênis virando uma piscina. Enquanto eu pilotava, conseguia ver como se fossem ondas de vento levando o vapor do chão, eu conseguia ver as lufadas chegando em mim e precisava inclinar a moto pra compensar os empurrões. Pra enxergar também havia dificuldade. Além da própria chuva que, sozinha, já dificultava a visão, se eu deixava o capacete fechado, ele começava a embaçar e se eu abria, o vento e a água na minha cara não me deixavam respirar nem deixar os olhos abertos direito.
Durante a Imigrantes inteira até depois do pedágio foi desse jeito, o céu escuro, quase como se já fosse noite e eu me encharcando cada vez mais.
Quando estava quase chegando em casa, a chuva foi parando, o céu voltou a abrir e eu e a Scarllett chegamos em casa a tempo de ver o pôr do sol.
Como diria o Carlos Alberto Jr., é nessas horas que os homens se separam dos meninos.
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